sábado, maio 06, 2006

A Tasquinha Ibraim (V.P. de Âncora)

Foi no seguimento de um fim-de-semana prolongado, em Moledo. Estava na companhia de um casal de amigos, e a pensar, nessa noite, onde iríamos jantar... Ele é benfiquista (que fraco gosto! ;) ) e lembrou-se de ter visto uma reportagem na televisão acerca do restaurante de um antigo jogador do Benfica, em Vila Praia de Âncora, onde pelos vistos se comia um peixinho maravilhoso... Vai daí, decidimos ir à procura do tal sítio.

Depois de perguntarmos a uns "turistas" (como nós), lá encontrámos uns "locais" que nos souberam dizer que o Sr. que jogou no Benfica se chamava Ibraim, e que o restaurante dele ficava lá para os lados do ancoradouro dos barcos de pesca, no fim da marginal.

Não foi difícil de o encontrar: a transversal à marginal é estreita, mas o restaurante é logo ali, 20m para dentro da rua, do lado esquerdo. Descobrimos chamar-se "A Tasquinha", e tem paredes de blocos de granito, com portas e janelas de madeira escura, à "moda antiga".

Entrámos, e a decoração não destoou: paredes de granito, mesas e cadeiras corridas, de madeira, com enfeites regionais - os mesmos que se usam nas cangas de madeira tradicionais que emparelhavam os bois nas carroças... As toalhas e guardanapos ao xadrez azul e branco destoavam com o suposto "benfiquismo" do proprietário, mas não com o aspecto do local; os pratos de faiança com textura de areia contribuíam para o aspecto "rústico", assim como a ausência de copos de vidro - sendo substituídos pela eterna "malga" para o vinho.

Fomos atendidos pelo próprio Sr. Ibraim, que nos assustou um bocado com o seu ar carrancudo e de poucos amigos. Entregou-nos a lista quase sem usar palavras, e lá pedimos um rodovalho para dois e um robalo para um, ao que ele nos disse que não sabia se tinha peixes para tais doses, mas que ia ver.
Minutos mais tarde, regressou com uma travessa com dois belos - e fresquíssimos! - exemplares daqueles peixes, mas um bocado grandes demais, informando-nos que também tinha um rodovalho para 2 1/2 doses - que acabou por ser a nossa opção. Mais um minuto, e lá veio o peixinho na travessa para nossa apreciação, antes da confecção - e, mais uma vez, estava tão fresco que parecia vivo...

Talvez aí uns 20 minutos mais tarde, voltou o dito peixe, guarnecido com batatas, couve branca e cenouras cozidas, e um cheirinho divinal. E o sabor não destoou! Aliás, já não tinha memória de ter comido um peixe tão bom e tão fresco... Uma maravilha, incluindo o acompanhamento! Para não falar do vinho verde branco da casa, recomendado pelo Sr. Ibraim, que vinha fresquíssimo e acompanhava muito bem o peixe.

Entretanto, o restaurante tinha vazado, e começámos a puxar conversa com o Sr. Ibraim, para que nos contasse histórias da vida dele... Ao princípio mostrou-se reservado, mas minutos depois já estava sentado na mesa ao nosso lado, a partilhar muitas e interessantes - e algumas divertidas - histórias da vida e carreira dele. Tantas, que a dado ponto ele teve que confessar que normalmente não é assim falador, e até quase nem fala com as pessoas, e que até se sentia estranho em partilhar tanta coisa... (e ainda bem que o fez!) :)

No fim - e depois do creme queimado caseiro - ficámos completamente satisfeitos com a experiência, tanto do ponto gastronómico como do pessoal. Não tendo sido eu a pagar, não sei quanto nos custou a experiência, mas posso dizer que a dose de peixe rondava os 13€, sendo os outros preços perfeitamente "normais" (nada de excessivo), pelo que no limite a carteira não deverá ficar mais que 20€ mais vazia...

Muito boa comida, ambiente rústico e simpático, e bom serviço valem-lhe uns 3.5 sentidos. (O que, para este tipo de estabelecimento, é bastante bom)


A Tasquinha (Ibraim)
Vila Praia de Âncora
(junto ao ancoradouro dos barcos de pesca e Lota; ver desenho:)











(estacionamento na marginal, junto à zona do restaurante, ou um pouco mais para norte, junto e depois da lota)